quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Corvos e Gafanhotos

Quando o profeta Joel se ergue sobre os campos destruídos das searas israelitas, certa terra devastada por guerras, por revoluções  sangrentas, pela exploração de latifundiários,  de elites despojadas de compaixão e pelos gafanhotos, tudo o que resta é coisa nenhuma.  A fome sobre a terra, cavalga de modo soberbo. Nos currais as ovelhas  perecem famintas nas casas não há barulho de festas, não há vinho, não existem vilarejos enfeitados e nem iluminados à noite pelo óleo do azeite fresco, as moças não cantam as cantigas dos semeadores e nem dos segadores.  Já não dançam as danças de maanaim, nem correm mais poe entre as vides em flor na festa da vinha. Porque a praga havia chegado,  a ruina era a única herança e a morte a única possibilidade. 

Há uma parábola que evoca a terra como fundamento humano.  Como símbolo do coração humano. A terra devastada fala da praga que alcançou o coração humano. Fala do tempo em que a vida para depois da guerra. na aventura da vida humana, na aventura humana da espiritualidade. Quando o profeta falha, quando o ministério fracassa sob o jugo da crise moral, sentimental, afetiva. Quando a familia foi destruida e você foi tido como culpado. Quando o odre da amizade foi rompido e suas mãos não foram fortes o suficientes para conter aquilo que se derramou. Quando a sombra do desespero era maior num dado instante que a consciencia da proteção. 

A musica fala do despero de uma pai fazendeiro diante da plantação devastada pelos gafanhotos, fala de uma moça se sentindo perdida e subindo um monte sem saber para onde vai.  E que no dia da sombra, do grito dos corvos e da aproximação do gafanhoto, ainda há uma marca de sangue capaz de reivindicar a misericórdia e a graça. Que a terra devastada, que a moça perdida, que o pai sem perspectivas, que o coração destruido, perdido, cansado, possui ainda uma esperança, ainda que em meio a desesperança. Que ainda há possibilidade do impossivel, mesmo que seja impossivel e que bem perto vooem os corvos. Mesmo se o profeta ouve o balido dolorido das ovelhas famintas e se em suas vestes sobem os gafanhotos que assolam a face da terra. 

 Mesmo se as raposinhas destruirem as vides em flor, habitando terras que não lhe pertencem por direito. 

Quando a alma dividida clama pelo direito de estar completa.

Porque do alto choverá misericórdia e os corvos morrerão. 

As vides em flor reverdecerão, as figueiras brotarão e sobre a sua sombra corações serão regados por chuva torrencial.

Junto dos malditos gafanhotos, mortos, que se tornarão fertilizantes para a terra renovada.

E a menina perdida sobre a face dos montes, com os pés descalços

será achada e achar-se-á.


 



 

Crows & Locusts

It was the year
The crows and the locusts came
The fields drained dry their rain
The fields are bleeding
Daddy don't cry, it'll be alright
She put some water on the wound
And hums a little tune
While the courage blood's on the ground
pooling, pooling
See the murder, and the swarm descend
And the night is getting thick
The moon telling her tricks
yeah betray her every time
It was the year
The crows and the locusts came
The fields drained dry their rain
The fields are bleeding
It was the age
the foxes came for the fields
we were bleeding as we bowed to kneel
and pray for mercy, pray for mercy
The rumble is low and the heat is high
Got a feeling that there's rain out in the oil black sky
Gonna chase away the devil when the sun does rise
Gonna bleed the blood
Gonna bleed the blood
It was the year
The crows and the locusts came
The fields drained dry the rain
The fields are bleeding
It was the age
The foxes came for the fields
We were bleeding as we bowed to kneel
And prayed for mercy, prayed for mercy
She limps on up o the top of a mount
Looks at the faulty harness
Feels her sweat in the ground and the burn in her nose
And the knowing in her guts
Something's still gonna grow
She ain't leavin' til it does.
What can wash away my sin
Nothing but the blood
What can make me whole again
Nothing but the blood

Corvos e Gafanhotos

Foi o ano
Os corvos e gafanhotos vieram
Os campos drenavam suas chuvas secas
Os campos estão sangrando
Papai não chore, vai ficar tudo bem
Ela colocou um pouco de água sobre a ferida
E cantarola uma musiquinha
Enquanto a coragem sangra sobre o chão
Empoçando, empoçando
Veja o assassinato, e o enxame descer
E a noite está ficando densa
A lua contando seus truques
Sim, traindo-a cada vez
Foi o ano
Os corvos e gafanhotos vieram
Os campos drenados secam suas chuvas
Os campos estão sangrando
Era a idade
As raposas vieram para os campos
Que estavam sangrando como se curvou de joelhos
E orar por misericórdia, rogai por misericórdia
O ronco é baixo e que o calor é alto
Tenho um sentimento que não há chuva no céu negro de petróleo
Vou afugentar o diabo quando o sol se levanta
Vai sangrar o sangue
Vai sangrar o sangue
Foi o ano
Os corvos e gafanhotos vieram
Os campos drenavam chuva seca
Os campos estão sangrando
Era a época
As raposas vieram para os campos
Estávamos sangrando ao nos curvar de joelhos
E oramos por misericórdia, oramos por misericórdia
Ela manca até o topo de um monte
Olha o cinto com defeito
Sinto seu suor no chão e a queimadura no nariz
E o conhecimento em suas entranhas
Algo que ainda vai crescer
Ela não vai embora até que ele faça.
O que pode lavar o meu pecado
Nada além do sangue
O que pode me fazer completa novamente
Nada além do sangue

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