Terra de ninguém
No man's land (significando terra de ninguém) é um termo da língua inglesa empregado para designar um território não ocupado ou, mais especificamente, um território sob disputa entre partes que não o ocuparão por medo ou incerteza.
Amanhã teu sobrinho virá te vender uma fazenda, que pertenceu a teus avós. Compre-a.
25Pois mesmo assim, apesar disso tudo, tu disseste-me que comprasse o campo - que pagasse o dinheiro pedido por ele, perante testemunhas, num acto legal - embora a cidade esteja já praticamente dada nas mãos dos nossos inimigos.
27-31Eu sou o Senhor, o Deus de toda a humanidade. Haverá por acaso alguma coisa demasiado difícil de realizar, para mim? Sim, com certeza que darei esta cidade aos babilónios, a Nabucodonozor, o rei deles; ele há-de conquistá-la. Os soldados que lá estão de fora entrarão, porão fogo à cidade e queimarão todas esta habitações, cujos telhados serviram para oferecer incenso a Baal, e para derramar libações a outros deuses, provocando assim a minha ira! Porque Israel e Judá só souberam praticar o mal, desde os primeiros tempos; enfureceram-me com todos os seus actos pecaminosos. Desde o tempo em que esta cidade foi construída até agora, não têm feito senão suscitar-me a cólera; por isso estou decidido a lançá-los fora da minha presença.
32-35Os pecados de Israel e de Judá - os pecados do povo, dos reis, dos responsáveis pela administração pública, dos sacerdotes e dos profetas - exasperam-me. Voltaram-me as costas, e recusam converter-se; dia após dia, ano após ano, lhes ensinei a distinguir o bem do mal, mas não querem ouvir-me e obedecer. Conspurcaram o meu próprio templo, fazendo adorações, aqui mesmo, aos seus abomináveis ídolos. Construíram enormes altares a Baal no vale de Hinom. Lá queimaram os filhos em sacrifício ao deus Moloque - coisa que lhes recomendei que nunca fizessem, e nada nas minhas leis poderia ter-lhes sugerido tal coisa. Que tremenda e incrível maldade, ter feito Judá pecar dessa maneira!
36-39Por isso agora o Senhor Deus de Israel diz respeitante a esta cidade, que cairá nas mãos do rei de Babilónia através da guerra, da fome e da pestilência, mas que tornará a trazer o povo de volta, de todos os países para onde a sua cólera os dispersou. Tornarei a trazê-los para esta mesma cidade, e farei com que vivam em paz e em segurança. Serão o meu povo e serei o seu Deus. Dar-lhes-ei um só coração e uma só mente para que me adorem para sempre, para seu próprio bem e para a felicidade dos seus descendentes.
40-42Farei com eles uma aliança eterna, em como nunca mais os abandonarei, e só lhes farei bem. Porei um só desejo no seu coração: o de me adorar; e nunca mais me deixarão. Terei alegria em lhes fazer bem; tornarei a plantá-los nesta terra, com grande alegria. Assim como lhes enviei todos estes terrores e males, assim também depois lhes farei todo o bem que prometi.
43-44As terras tornarão a ser compradas e vendidas, terras essas agora desvastadas pelos babilónios, e donde os homens e animais desapareceram. Sim, os campos serão novamente transaccionados - e os contratos respectivos selados perante testemunhas - tanto na terra de Benjamim como aqui na zona de Jerusalém, nas cidades de Judá, como na reigão das colinas; na planície da Filisteia, como no Negueve. Há-de vir o tempo em que restaurarei a sua prosperidade.
Jeremias não comprava um campo para si. Comprava para nós. Ele executava um ato profético, uma alegoria, um símbolo. Seu ato louco traduzia outra perspectiva. Desdobrava-se numa outra dimensão. A dimensão dos atos de fé, dos atos de homens que obedeceram a Deus, quando tudo o mais dizia que Deus já não existia mais. O ato profético de Jeremias reverberava Cristo. Narrava Cristo. Gritava fatos sobre um homem a quem representava que verdadeiramente compraria o MUNDO num tempo de guerra.
Jesus um dia viria a terra e a compraria para Deus. Derramaria seu espírito como sinal dessa aliança. Na ceia ele fala desse contrato:
Lucas 22:20 fala "Este é o cálice da Nova Aliança no meu sangue derramado por vós" Jeremias ergue nas mãos numa "terra de ninguém" um pergaminho que lhe dá direito a uma herança impensada. Jesus ergueu o cálice e comemorou a redenção humana iniciada. As testemunhas gritariam para Jeremias: Está feito! Jesus gritaria na cruz: Está Consumado! Ainda havia guerra quando Jeremias comprou um terreno da herdade de seus pais. Ainda existe uma insana guerra espiritual desde que a cruz se ergueu na terra. Mas, a herança e a esperança de dias maiores revigoraram o coração do profeta. O clamor da guerra não sufoca a realidade da palavra de Deus. Profecias verdadeiras são como espadas cravadas na terra depois de vencida a batalha. Elas testemunham o que já aconteceu, depois de ser o instrumento que na verdade, moldou o amanhã. Os tambores batiam pavorosamente naquela manhã, as trombetas altissonantes entoavam notas de dispor para a batalha. As prisões ainda detinham o sofrido e rejeitado profeta e a destruição que ele mesmo profetizou não tardaria a ceifar a cidade. Quando caminhava em direção a semana derradeira de seu ministério, Jesus chorou sobre a visão da mesma cidade, perto do mesmo lugar onde Jeremias foi preso, dizendo:
"Jerusalém, Jerusalém, que mata os profetas e apedreja os mensageiros que Deus lhe manda! Quantas vezes eu quis abraçar todo o seu povo, assim como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo de suas asas, mas vocês não quiseram!" O mundo ainda vive dias de cerco. As nações ainda respiram a guerra. Por todo lado ainda domina a fome, a ignorância, a mentira, a corrupção. Da venda de medicamentos falsos, a criação e disseminação de doenças fabricadas em laboratório, de atos insanos de auto-terrorismo para justificar a necessidade do petróleo alheio. Recursos essenciais começam a faltar. O homem vive dias de cerco espiritual, do mesmo tipo que envolveu o ministério de Jesus onde por cada esquina uma pessoa endemoninhada gritava à sua passagem. Vive cercos numa busca incessante de velhas religiões, envolto no clamor crescente da crença num universo sem Deus. Cerco burro, zombando dos demônios como inexistentes, como só fossem abstrações da mente, ao mesmo tempo em que invoca a magia e poderes que POR ELES É REALIZADA. Milhares de denominações que se dizem cristãs, AINDA NO CERCO, vivem como os falsos profetas da época de Jeremias dizendo: - Está tudo bem. O inferno já foi vencido. Opressão maligna é coisa do passado. O apocalipse é só uma reinterpretação teológica da história pregressa. As profecias, todas elas, já se cumpriram. O mal não virá sobre a terra. Não haverá juízo sobre a maldade humana. E será delas, dessas instituições proféticas falidas (falo dos falsos mestres e profetas que nelas habitam, não da instituição em si), que cobrar-se-á o altíssimo preço da omissão da verdade.
No livro de Apocalipse, João envolto de grandiosa tristeza, aguardava a chegada de um ser, um único, qual em todo o universo fosse digno o suficiente para abrir um estranho pergaminho selado por dentro e por fora entregue pelo próprio Deus. Na visão percebe que havia, entre os bilhões de anjos, quem fosse digno de tal coisa. Até que Jesus vem caminhando, triunfantemente, ao meio de todos os seres viventes e pessoalmente TOMA em suas mãos o CONTRATO que está nas mãos de Deus o Criador de tudo. É esse dia que aconteceu no invisível, é sobre esse fato eterno, sobre a legitimidade de CRISTO ser possuidor de TUDO, retomando para si o que lhe pertence por DIREITO eterno, é sobre tal fato que Jeremias prefigurava. Isto é o que ele representava.
Hananel ia rindo tendo nas mãos suas duzentas gramas de prata, e Jeremias quase sem nada possuir, apropriou-se de uma herança que jamais pensou que pudesse ter. Jeremias presenciou tudo de pior que sua nação foi capaz de protagonizar. Cansou de ver os corpos ainda carbonizados das crianças queimadas em honra de deuses que não eram nada. E possuía pouca ou nenhuma esperança nos seres humanos. Não viu mudanças nos corações de pedra de seus compatriotas, não conheceu a transformação de gente pela sua pregação, caminhou em meio a monólitos, gente incapaz de amar. Ele entendia a razão da indignação de Deus. Ele entendia que a justiça deveria acontecer. Mas naquela manhã, Jeremias recebeu de volta algo que o abraçaria até o fim de sua vida. Zedequias morreria preso no exílio. Jeremias SABIA. Sim ele sabia. Ainda lançaria sementes na antiga fazenda de seus pais. Atualmente essa fazenda é um Kibutz, uma fazenda administrada por uma sociedade agrícola. Mas, mesmo depois de séculos, na verdade está só arrendada. Ainda pertence ao profeta que ousou enfrentar um rei. Ainda é símbolo de um contrato, que transformará essa "terra de ninguém" chamada mundo, numa propriedade de Cristo, que como absoluto Senhor, realizará a paz.
Mas até que este retorne, selou corações que crêem com alegria e certeza. E nos sinalizou com sua presença, como sinal, que a guerra não é forte o bastante, para enfrentar o "está consumado" emitido na cruz.
Porque a terra de ninguém, tem dono.
Welington J Ferreira
Que texto esclarecedor e belíssimo. Obrigada por dividí-lo, me valeu em um grande momento de dúvida!
ResponderExcluirQue bom que te abençoou! Muito feliz em saber! Um grande abraço!
ResponderExcluirLinda mensagem parabéns meu querido. Me ajudou muito em uma mensagem que estava preparando. O Senhor te abençoe.
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